quarta-feira, 16 de junho de 2010

(:

Dada a seguinte ordem na aula de Língua Portuguesa: escrever uma narrativa a partir do texto abaixo:
"Seu filho está em nosso poder. Se quiser o menino de volta siga as instruções: ponha 500 mil dólares numa mala preta e deixe atrás da banca de jornal da estação de trem às 10h50. Pegue o trem das 11h. Se ficar alguém vigiando a mala, o menino morre!"
Deve-se escolher um personagem abaixo para ser o narrador:
1- Dorisgleison Silva: ex-investigador de polícia, com um morto em seu passado e nenhuma perspectiva de futuro.
2- Fátima Zoraide: dona de uma banca de jornal, viciada em bombons e vidente nas horas vagas.
3- P.C. Júnior: menino-prodígio que, aos 12 anos, vale cada centavo do meio milhão de dólares exigido como resgate.
Malditos e amáveis bombons!
Prever o futuro alheio é minha profissão nas horas vagas, e numa dessas horas vagas, previ o futuro de Roberval, ao qual eu disse, sem nem saber, que algo de ruim iria acontecer a um membro de sua família. Ele saiu apavorado, às pressas e nem me pagou pela consulta, dinheiro que eu usaria para comprar bombons.
Com o passar do tempo, ele não retornou e vi que dei o maior furo com minhas previsões. Parei de ser vidente. Continuei a comer bombons.
Voltando meu pensamento ao trabalho na banca, lendo um jornal, comendo dez bombons, lendo uma revista, comendo mais quinze bombons, percebi uma visita estranha aos arredores da minha banca. Não sabia se largava os bombons e ia ver de perto, mas com enorme sacrifício, deixei de comê-los e fui bisbilhotar. Era um homem elegante, terno e sapato e na sua mão, uma maleta tão limpa que brilhava, assim como os olhos brilham ao ver muito dinheiro.
Pelo buraco que a minha banca possui, vi ele largar a maleta em um arbusto, logo atrás da minha banca, levantar-se e nesse momento vi, que o homem elegante era Roberval, homem que me fez ficar sem bombons outra vez.
Achei estranho tudo aquilo, mas a fome foi mais forte, retornei ao meu estoque de bombons.
Ah, os meus bombons... Eles me acalmam muito mais que música, e nem me importo se me causaram esses meus 180 kg. Eu sou feliz com eles, muito mais do que se tivesse um marido, pois se tivesse, não teria a liberdade de comprar as minhas sete caixas diárias, abrir a caixa, cheirar os bombons um por um, abri-los vagarosamente e degustar graciosamente aquela gostosura, sem nem lembrar que é calórico.
Nesse meio tempo, idolatrando meus bombons, a maleta sumiu, e um menino de aproximadamente 12 anos foi deixado vendo revistas na minha banca e pude perceber que ele não comia bombons, pois era muito magrinho, desnutrido até.
Logo depois, um homem o chamou de filho aos gritos: era Roberval, e eu nem sabia que ele tinha um filho e muito menos que ele não dava bombons ao garoto.
Pelo visto, não via o menino havia muitos dias, mas isso não interessa... Quero comer meus malditos e amáveis bombons!
*Texto de minha autoria.*

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